16.04.12 - Câmara sedia lançamento do abaixo-assinado em prol de recursos para o SUS
Na noite de 12 de abril, a Câmara Municipal de São Paulo recebeu integrantes de diversas entidades que representam a saúde pública no Brasil para o lançamento do abaixo-assinado que reivindica que 10% dos recursos da União sejam destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O evento contou com a presença do presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão; vereadores Gilberto Natalini e Claudio Prado; deputado federal e vice-presidente da Frente Parlamentar de Saúde no Congresso, Eleuses Paiva; presidente da AMB, Florentino Cardoso; presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior; presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas, Silvio Cecchetto; presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, Emil Razuk, e representantes do Sindicato dos Comerciários, Associação Comercial de São Paulo e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
A iniciativa das entidades tem o objetivo de arrecadar 1,4 milhão de assinaturas em todo o Brasil e, posteriormente, encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de lei de iniciativa popular que determina que 10% das receitas da União sejam destinadas ao SUS. Isso se deve ao baixo financiamento da saúde pública no país, que hoje conta com 120 milhões de brasileiros dependentes exclusivamente dos serviços prestados pelo SUS. Em São Paulo, mais de 8 milhões de pessoas dependem da saúde pública, ou seja, não têm acesso a planos de saúde particulares.
De acordo com Eleuses Paiva, apenas 3,8% do PIB nacional é responsável por atender 85% da população brasileira. Para o deputado federal, é imprescindível que cada entidade mobilize seu público a fim de conseguir as assinaturas mais rapidamente em todo o Brasil, embora não haja uma data marcada para o fim da arrecadação. A estimativa é que até dezembro de 2012 já seja possível encaminhar o PL ao Congresso.
Para Florisval Meinão, a saúde no Brasil vai muito mal. "Vemos que é constante na característica dos governos deixar a saúde de lado, em sucessivas administrações. E ainda surge o discurso de que o problema na saúde é culpa do médico. A sociedade não pode mais aceitar esse tipo de prática. Temos que nos empenhar em levar o mais rápido possível esse projeto de lei para o Congresso”, defende o presidente da APM.
Como contribuir com esta causa
Para chegar ao Congresso Nacional, o projeto precisa de pelo menos 1,4 milhão de assinaturas (1% do eleitorado brasileiro), sendo 0,3% dos eleitores de cinco estados brasileiros diferentes ou mais. As assinaturas devem estar acompanhadas do nome completo e legível do eleitor, endereço e número do título eleitoral.
Para contribuir com a causa, você pode acessar este link, imprimir o documento, preencher seus dados e entregar na sede da Associação Paulista de Medicina (APM) ou da Associação Médica Brasileira (AMB).
13.04.12 - APM arrecada mais assinaturas para PL de iniciativa popular do SUS
A Associação Paulista de Medicina (APM) arrecadou centenas de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que prevê R$ 35 bilhões a mais por ano para o Sistema Único de Saúde (SUS) – lançado no início de fevereiro pelas entidades médicas e outras organizações da sociedade civil. Visando alterar a Lei 141/2012, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, a proposta determina que a União aplique por ano montante igual ou superior a 10% de suas receitas correntes brutas (RCB) em ações e serviços públicos de saúde. Para ser levada à votação pelo Congresso Nacional, precisa da assinatura de pelo menos 1% dos eleitores brasileiros (cerca de 1,4 milhão de pessoas), sendo que, ao menos em cinco estados deve ter no mínimo 0,3% do eleitorado de cada estado. Na edição de março da Revista da APM, distribuída aos mais de 100 mil médicos do Estado de São Paulo, foram encartados formulários de coleta de assinaturas no modelo "carta-resposta”, que já começaram a ser devolvidos pelos médicos à APM. Além disso, a entidade disponibiliza blocos de assinaturas nas recepções de suas sedes social e campestre, que estão sendo assinados por visitantes, funcionários, participantes de eventos etc. Desde seu lançamento, o PL de iniciativa popular tem sido discutido frequentemente pela APM em reuniões, encontros e eventos e recebido o apoio de diversas entidades, como a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, Igreja Católica, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Frente Parlamentar da Saúde e Associação Comercial de São Paulo, entre outras.
05.04.12 - Abaixo-assinado do SUS terá lançamento na Câmara de SP
No próximo dia 12 de abril, quinta-feira, às 19h, haverá o lançamento oficial na Câmara dos Vereadores, na capital paulista, do abaixo-assinado por mais recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS). O local da cerimônia é o Auditório Prestes Maia, no 1º andar (Viaduto Jacareí, nº 100). A iniciativa é das entidades Associação Médica Brasileira (AMB), Associação Paulista de Medicina (APM), Conselho Regional de Medicina (Cremesp), Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas (ABCD), Conselho Regional de Odontologia (CROSP) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os vereadores Gilberto Natalini, Jamil Murad e Claudio Prado apoiam a campanha. O objetivo é arrecadar 1,4 milhão de assinaturas em favor de projeto de lei de iniciativa popular que muda as regras de investimentos da União em saúde, representando acréscimo de cerca de R$ 35 bilhões anuais ao setor.
29.03.12 - Mais recursos para o SUS: APM arrecada assinaturas em Congresso de Municípios
Durante o 56º Congresso Estadual de Municípios, realizado entre 13 e 16 de março em São Vicente (SP), a Associação Paulista de Medicina (APM) arrecadou cerca de 500 assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que prevê R$ 35 bilhões a mais por ano para o Sistema Único de Saúde (SUS) – lançado no início de fevereiro pelas entidades médicas e outras organizações da sociedade civil. Sucesso de público e debates, o Congresso teve como tema "Municipalismo: Integração e Desenvolvimento”, foi promovido pela Associação Paulista de Municípios e contou com a presença do governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin, de secretários de Estado, deputados, prefeitos, vices, vereadores, presidentes de entidades regionais e outras autoridades. Visando alterar a Lei 141/2012, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, a proposta determina que a União aplique por ano montante igual ou superior a 10% de suas receitas correntes brutas (RCB) em ações e serviços públicos de saúde. Para ser levada à votação pelo Congresso Nacional, precisa da assinatura de pelo menos 1% dos eleitores brasileiros (cerca de 1,4 milhão de pessoas), sendo que, ao menos em cinco estados deve ter no mínimo 0,3% do eleitorado de cada estado. Desde seu lançamento, o PL de iniciativa popular tem sido discutido frequentemente pela APM em reuniões, encontros e eventos e recebido o apoio de diversas entidades, como a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, Igreja Católica, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Frente Parlamentar da Saúde e Associação Comercial de São Paulo, entre outras.
28.03.12 - Em Brasília, APM participa de reunião em prol das Santas Casas
Na tarde de 28 de março, o diretor adjunto de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, Marun David Cury, participou de reunião no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, organizada pela Frente Parlamentar de apoio às Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas. Representando a APM, Marun Cury acompanhou a reunião que contou a presença do Ministro da Saúde Alexandre Padilha, diretor do BNDES Julio Ramundo, e de diversos parlamentares, entre eles, o deputado estadual Itamar Borges e os deputados federais Antônio Brito e Luiz Henrique Mandetta, este médico ortopedista e presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Entre os assuntos tratados durante o encontro estava a assinatura do convênio entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Saúde para a reestruturação financeira das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, que tiveram seus prazos de pagamento de empréstimo ampliados para 120 meses (o prazo anterior era de 76 meses). O Brasil possui atualmente 2.100 Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos. Essas instituições são responsáveis por cerca de 10 milhões de atendimentos por ano. Segundo a Frente Parlamentar, cerca de 45% das internações são feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas a cada R$ 100 gastos com serviços prestados para o SUS, são pagos apenas R$ 65. O endividamento dessas instituições passou de R$ 1,8 bilhão em 2005 para R$ 6 bilhões em 2011. Durante a reunião, também foram discutidas outras questões, como a destinação de mais recursos para o SUS e a certificação das entidades de saúde filantrópicas, que hoje encontram dificuldades para renovar seus certificados no Ministério da Saúde.
Ainda durante o encontro, o deputado Itamar Borges pediu apoio ao deputado Antônio Brito, para que ele lidere no Congresso Nacional o movimento por mais recursos para a saúde, que está colhendo assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular.
16.03.12 - CMB convoca federações estaduais para apoiar PL por mais recursos ao SUS
A Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) está convocando o apoio de suas federadas estaduais para o projeto de lei de iniciativa popular da Frente Nacional por Mais Recursos para a Saúde – encabeçada pela Associação Paulista de Medicina (APM), Associação Médica Brasileira (AMB), Academia Nacional de Medicina (ANM) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – que prevê o investimento mínimo de 10% das receitas correntes brutas da União na Saúde, entre outros itens, o que garantirá R$ 35 bilhões a mais por ano para o setor. Para ser votado pelo Congresso Nacional, o PL precisa de no mínimo 1,4 milhão de assinaturas de eleitores brasileiros (1% do total), com representação de 0,3% dos eleitores de pelo menos cinco estados diferentes – mais informações sobre as regras e a coleta de assinaturas podem ser obtidas em www.emdefesadosus.org.br. Além de alterar a Lei Complementar nº 141/12, que regulamentou a Emenda Constitucional 29, no que diz respeito ao subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), o projeto também propõe que os recursos sejam aplicados em conta vinculada, mantida em instituição financeira oficial, sob responsabilidade do gestor de saúde. Em documento assinado pelo presidente José Reinaldo Nogueira de Oliveira Júnior, a CMB diz ser fundamental que suas federadas estaduais mobilizem a sociedade dos municípios onde estão sediadas e os pacientes, funcionários, familiares, médicos e diretores dos hospitais. "Temos certeza de que podemos conseguir muito mais do que o mínimo estipulado”, completa. A Confederação também solicita que cada presidente de Federação procure, na medida do possível, conseguir que o governador e o secretário estadual de Saúde do local deem sua assinatura em prol do PL e que o ato seja registrado e divulgado. Para incentivar a coleta de assinaturas, a CMB atualizará frequentemente em seu site um quadro com o número de assinaturas conseguidas pelos seus hospitais.
14.03.12 - Reunião entre APM e CNBB discute projeto de lei de iniciativa popular
O presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, e o presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso, estiveram na cidade de Aparecida (SP) na tarde de 14 de março para apresentar ao presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno, o projeto de lei de iniciativa popular que propõe o investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da União na saúde pública. Para se tornar efetivo, o projeto de lei precisa arrecadar 1,4 milhão de assinaturas, e depois disso seguirá para votação dos parlamentares.
Em 2012, a Campanha da Fraternidade organizada pela Igreja Católica apresenta um tema que coincide com os objetivos das entidades médicas: Fraternidade e Saúde Pública, motivo pelo qual os médicos, em parceria de lideranças de outros segmentos da sociedade , buscaram apoio da Igreja Católica para arrecadar 1,4 milhão de assinaturas e, posteriormente, conquistar maior fatia da receita da União destinada à saúde pública.
De acordo com Florisval Meinão, a proposta foi muito bem recebida pela CNBB e Dom Raymundo Damasceno vai disseminar o projeto de lei durante a assembleia de bispos. "À CNBB falamos da nossa frustração com a Emenda 29, da má qualidade dos serviços do SUS e da pouca atenção dada à saúde pública. Nossos ideais são os mesmos da Campanha da Fraternidade deste ano, por isso viemos buscar o apoio da Igreja Católica, que se mostrou muito favorável ao projeto”, afirma o presidente da APM.
Além dos representantes das entidades médicas, participaram da reunião os deputados estaduais e também médicos Jooji Hato e Ulysses Tassinari, o deputado estadual Itamar Borges e o representante da OAB-SP Paulo Oliver.
13.03.12 - Médicos buscam apoio da Igreja Católica para coletar assinaturas para PL popular
Representantes das principais entidades médicas estiveram reunidos na Cúria Metropolitana de São Paulo na tarde de 13 de março, com o objetivo de apresentar o projeto de lei de iniciativa popular que propõe o investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da União na saúde pública. Para se tornar efetivo, o projeto de lei de iniciativa popular precisa arrecadar 1,4 milhão de assinaturas, e depois disso seguirá para votação dos parlamentares.
Em 2012, a Campanha da Fraternidade organizada pela Igreja Católica apresenta um tema que coincide com os objetivos das entidades médicas: Fraternidade e Saúde Pública, motivo pelo qual os médicos, em parceria de lideranças de outros segmentos da sociedade , buscaram apoio da Igreja Católica para arrecadar 1,4 milhão de assinaturas e, posteriormente, conquistar maior fatia da receita da União destinada à saúde pública.
O diretor adjunto de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina (APM), Marun David Cury, explica que a iniciativa da Igreja Católica em lançar uma Campanha da Fraternidade sobre saúde pública mostra claramente que o SUS precisa de mais recursos e que o governo precisa ser pressionado para garantir melhores serviços de saúde para a população.
"A carga tributária paga pelo povo brasileiro é altíssima e, ao mesmo tempo, a população tem uma série de necessidades que não são sanadas. A igreja está fazendo uma denúncia pública sobre a atual situação da saúde no Brasil. Todos sabem que a situação do SUS é muito delicada e nós, médicos, sabemos o quanto a igreja é comprometida com a saúde da população", revela Marun.
O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, mostrou-se favorável ao projeto de lei de iniciativa popular e ao engajamento das lideranças médicas. Durante a reunião, ele se propôs a divulgar o projeto em todas as 274 dioceses do Brasil, aguardando apenas a manifestação oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para começar a orientar as dioceses sobre como proceder para receber as assinaturas em todo o Brasil.
12.03.12 - Índice mostra baixa satisfação com a saúde pública
O novo Índice de Desempenho do SUS (IDSUS), que avalia o quanto a rede pública de saúde disponível em cada município cumpre o que deveria, recebeu como média nota 5, em escala de 0 a 10. A notícia foi divulgada no início do mês.
Formado por 24 indicadores de saúde, 14 de acesso ao serviço e dez que medem a efetividade do atendimento recebido, o IDSUS adota um parâmetro internacional de avaliação. A nota cinco está classificada como um índice negativo, embora o Ministério da Saúde não tenha especificado uma nota ideal para o Sistema Único de Saúde.
De acordo com o diretor de Defesa Profissional da APM, João Sobreira de Moura Neto, o IDSUS contribui para o avanço da tomada de decisões do governo e, assim, para melhorar o atendimento à população. "O SUS precisa de melhorias. O novo índice não leva em consideração as filas e o atendimento suplementar nas cidades, portanto, mascara as deficiências da saúde pública. Mas, de qualquer forma, o ISDUS orienta a administração das verbas para as demandas de cada cidade”, diz.
Para o diretor adjunto de Defesa Profissional, Marun David Cury, o IDUS ajuda o Ministério da Saúde a acompanhar melhor o atendimento de saúde oferecido à população brasileira. "Com os dados apresentados pelo novo índice, será possível fazer os realocamentos de recursos para a saúde e a melhor gestão de qualidade”, considera.
09.03.12 - Frente Parlamentar da Saúde defende recursos para o SUS
Visando garantir mais recursos federais para o Sistema Único de Saúde (SUS), o presidente, Darcísio Perondi, e o vice-presidente da Frente Parlamentar da Saúde, Eleuses Paiva, apresentaram projetos de lei complementares alterando a Lei 141/2012, que regulamentou a Emenda Constitucional 29. Tanto o PLP 123/2012, de Perondi, quanto o PLP 124/2012, de Paiva, preveem a aplicação de no mínimo 10% das receitas correntes brutas da União em ações e serviços públicos de saúde, anualmente. Ex-presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) e da Associação Médica Brasileira (AMB), Eleuses Paiva diz na justificativa de seu projeto que, "para garantir o preceito constitucional do direito de todos à saúde, o Brasil organizou um sistema público e universal de saúde financiado, com recursos orçamentários. Entretanto, apesar do gasto total em saúde representar uma proporção bastante razoável do PIB nacional, cerca de 8,5%, o gasto público em saúde encontra-se em patamar muito baixo (cerca de 46% do gasto total)”. "O mais grave é que a proporção de gasto público em saúde no Brasil é baixa não apenas frente a países industrializados com sistemas públicos de saúde, como Canadá e Inglaterra, mas também frente a países latino-americanos com sistemas segmentados de saúde, a exemplo de Argentina, Colômbia e Uruguai, e mesmo frente aos Estados Unidos, que possui um sistema privado de saúde”, argumenta o deputado. Perondi, por sua vez, justifica que o SUS prima pela integralidade e pela universalidade, sendo que dele dependem 190 milhões de brasileiros. "No entanto, a União vem deixando a responsabilidade para as prefeituras, que gastam, em média, 22% de suas receitas com saúde. Em 1980, a esfera federal respondia por 75% dos gastos com saúde. Hoje, responde com menos de 40%, cerca de 1,75% do PIB. Está aí a raiz do problema. O custo da saúde no Brasil aumenta a cada ano e a remuneração do sistema, há décadas, não cobre sequer a inflação.” Por meio de seu vice-presidente, a Frente Parlamentar da Saúde também apoia o projeto de lei de iniciativa popular proposto pela Frente Nacional por Mais Recursos na Saúde – formada pela AMB, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Academia Nacional de Medicina, APM e outras entidades da sociedade civil. A proposta, que também prevê o investimento mínimo de 10% das receitas correntes brutas da União em saúde, entre outros itens, precisa de pelo menos 1,4 milhão de assinaturas (1% do eleitorado brasileiro) para ser enviada à votação dos parlamentares, sendo 0,3% dos eleitores de cinco estados brasileiros diferentes ou mais.
09.03.12 - APM reúne-se com secretário municipal de Saúde
A nova diretoria da Associação Paulista de Medicina (APM), por meio de seu presidente Florisval Meinão e de seu diretor de Defesa Profissional adjunto Marun David Cury, se reuniu com o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Januário Montone, na última quinta-feira, 8 de março. Foram discutidos temas relativos à saúde pública e privada, entre outros. "Com esta visita à Secretaria, queremos oficializar a continuidade da parceria que as duas instituições sempre tiveram”, afirmou Meinão. Ele reforçou o movimento da APM e outras entidades médicas e da sociedade civil para coletar assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que destina 10% das receitas correntes brutas da União para a Saúde. Montone, que é ex-presidente do Fundo Nacional de Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), declarou apoio à ação e disse que o desfinanciamento da saúde pública é muito grave: "Já discuti a necessidade de melhorias abertamente com o ministro da Saúde [Alexandre Padilha]. O modelo brasileiro precisa ser revisto, não podemos trabalhar os sistemas público e privado de saúde separadamente”. Os participantes da reunião também mostraram preocupação sobre a abertura indiscriminada de escolas médicas no Brasil e a revalidação automática de diplomas de médicos formados em outros países. Outra questão abordada foi o uso de álcool por motoristas, que já se tornou um problema de saúde pública e será tema de um Fórum na APM no próximo dia 13 de abril. Em relação à saúde suplementar, o presidente da APM pontuou o problema da falta de reajustes dos honorários médicos por parte das empresas de planos de saúde, o que desencadeou forte movimento das entidades desde o ano passado. "Conseguimos maior diálogo com as empresas e alguns reajustes para as consultas, agora lutamos pelos valores dos procedimentos, já que os custos de manutenção dos consultórios são extremamente altos e a remuneração dos médicos a inviabiliza”, disse o diretor de Defesa Profissional da APM, que ressaltou a passeata que ocorrerá no próximo dia 25 de abril. Por fim, a APM se declarou disposta a firmar e manter parcerias científicas com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, como a que resultou no Curso de Emergências Médicas realizado em 2010 na capital e em 2011 em diversas cidades do interior, também em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. "A preocupação da APM é que os médicos estejam sempre bem treinados”, finalizou Meinão.
07.03.12 - Santas casas também apoiam projeto por mais recursos para o SUS
O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, se reuniu nesta quarta-feira, 7 de março, com o coordenador da Frente Parlamentar das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, deputado estadual Itamar Borges; o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), Edson Rogatti; e o presidente da Comissão de Estudos sobre Planos de Saúde e Assistência Médica da OAB-SP, Paulo Oliver, para discutir propostas de encaminhamento ao projeto de lei de iniciativa popular que prevê mais recursos para o SUS e a situação das santas casas e hospitais filantrópicos do Estado, bem como dos médicos que ali trabalham. Lançado no dia 3 de fevereiro na sede da Associação Médica Brasileira (AMB), o projeto de lei de iniciativa popular prevê o investimento mínimo de 10% das receitas correntes brutas da União em ações e serviços públicos de saúde e precisa de pelo menos 1,4 milhão de assinaturas (1% do eleitorado brasileiro) para ser votado pelo Congresso Nacional. "Fui prefeito de Santa Fé do Sul por três mandatos, nos quais me aproximei das causas da saúde e das santas casas. A coleta das assinaturas para o PL é a etapa mais simples, mas também a mais valiosa para dar impulso inicial à luta por mais recursos ao SUS. O objetivo de todos aqui é somar esforços, auxiliando na coleta de assinaturas, promovendo reuniões e levando o assunto ao conhecimento de todos”, disse Borges. Conforme declara Meinão, "também foram debatidas as dificuldades que as santas casas enfrentam, já que a receita delas vem prioritariamente do Sistema Único de Saúde [SUS] e os repasses frequentemente não conseguem cobrir as despesas, fazendo com que os hospitais tenham que buscar alternativas orçamentárias para cobrir o déficit. O setor é um dos grandes afetados pelo subfinanciamento da saúde pública”. O presidente da APM ainda ressaltou os problemas que os médicos que atendem em santas casas e hospitais beneficentes enfrentam, sobretudo no interior do estado, sugerindo encaminhamentos para solucioná-los. "Nossa proposta sempre foi o pagamento por meio do Código 7 [veja matéria na Revista da APM de dezembro de 2011], mas entendemos que isto não está ao alcance das santas casas, e sim dos gestores municipais, estaduais e federais.”
02.03.12 - Associação Comercial de São Paulo também apoia PL de iniciativa popular
O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Aranha, e o presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas (ABCD), Sílvio Jorge Cecchetto, participaram de uma reunião na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) no dia 1º de março. Intermediado pelo vereador da cidade de São Paulo Gilberto Natalini, o encontro teve como objetivo discutir a participação e apoio da ACSP na coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que visa aumentar o investimento federal na saúde pública. Também participaram os médicos Alfredo Inácio Fiorelli e Dimitrie Josif Gheorghiu. Lançado no início de fevereiro pela Frente Nacional por Mais Recursos para a Saúde (saiba mais em www.emdefesadosus.org.br), o PL precisa de no mínimo 1,4 milhão de assinaturas de eleitores brasileiros (1% do total), com representação de 0,3% dos eleitores de pelo menos cinco estados diferentes, para ser votado pelo Congresso Nacional. O presidente da ACSP, Rogério Amato, se comprometeu a enviar folhas de assinaturas e instruções para suas regionais. Além disso, ficou previsto para meados de abril o lançamento público da proposta para a sociedade, na Câmara Municipal de São Paulo.
01.03.12 - Frente por recursos para a saúde recebe apoio de deputados estaduais
A recém-lançada campanha da Frente Nacional por mais Recursos para a Saúde acaba de ganhar reforço dos deputados estaduais que integram a Frente Parlamentar das Santas e dos Hospitais Filantrópicos, da Assembleia Legislativa de São Paulo. O objetivo é coletar 1,4 milhão de assinaturas de apoio ao projeto de lei de iniciativa popular que altera a Lei Complementar 141/2012. A nova legislação obrigaria a União a destinar anualmente ao menos 10% de sua receita bruta corrente (RCB) à saúde. Também são cobrados e reajuste da tabela do SUS e melhorias na gestão da saúde pública.
Sob a coordenação de Itamar Borges (PMDB), a Frente articulou com representantes da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), Associação Médica Brasileira (AMB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Academia Nacional de Medicina (ANM), Associação Paulista de Medicina (APM) e outras entidades da sociedade civil, estratégias para ampliar o movimento. A primeira reunião ocorreu no dia 28 de fevereiro.
Borges enfatiza a necessidade de se nacionalizar a campanha, esclarecendo que a frente paulista deve trabalhar em harmonia com a frente nacional, composta de parlamentares federais. Neste sentido, foi aprovada a proposta do deputado Afonso Lobato (PV) para que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) seja contatada e participe da campanha. Ulysses Tassinari (PV) pondera que as lideranças evangélicas também devem ser procuradas para ajudar na coleta de assinaturas. E a necessidade de envolver os beneficiários das santas casas e dos hospitais beneficentes foi tratada por Vitor Sapienza (PPS). "Sem a participação dos pacientes, nada será alterado”, afirma. Posição semelhante é adotada por Jooji Hato (PMDB): "O clamor popular pode fazer o Congresso Nacional rever essa situação.”
A Associação Paulista de Medicina sugeriu, ressaltando a formação médica do governador, que se colha a assinatura dele. Propôs ainda que a Frente das Santas Casas da Assembleia mandasse ofício a todos os deputados da Casa, para que os estes se integrem à Frente Nacional por Mais Recursos para a Saúde, levando a informação e o documento de coleta de assinaturas do projeto de iniciativa popular para suas bases e organizações sociais que representam. A ideia foi aceita e já encaminhada. Definições Foi definida também a ida da coordenação da Frente a Campinas, no dia 25 de abril, para participar de encontro com as direções das 16 federações de Santas Casas, com o intuito de integrá-las à Frente. A Fehoesp e a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) viabilizarão uma forma de colher assinaturas em todos os seus hospitais. Também há sugestão de um grande evento em Brasília no fim de março. Para os encaminhamentos pertinentes, será realizada reunião na Associação Paulista de Medicina no dia 7 deste mês. Também está praticamente agendada uma ação para a Marcha dos Prefeitos, de 15 a 17 de maio em Brasília. Outra iniciativa é marcar presença na Feira Hospitalar, de 22 a 25 de maio, para colher assinaturas. Com informações da Assembleia Legislativa
23.02.12 - Corte no orçamento da saúde trará ainda mais dificuldades ao SUS
Com R$ 5,47 bilhões a menos do que o valor aprovado pelo Congresso Nacional para este ano, a saúde foi a área mais afetada pelo corte no Orçamento Geral da União anunciado no dia 15 de fevereiro pelo Ministério do Planejamento. Os recursos da área passaram de R$ 77,58 bilhões para R$ 72,11 bilhões. O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, critica a medida e ressalta que o orçamento brasileiro para a saúde já é restrito: "O país é um dos que menos investe na comparação com outros. As consequências do baixo financiamento do Sistema Único de Saúde [SUS] já são vistas diariamente. A classe médica como um todo ficou insatisfeita com esta medida e, mais ainda, com a maneira com a qual a saúde vem sendo tratada pelo governo”. Meinão também lembra que houve grande luta da sociedade nos últimos 10 anos para que a Emenda Constitucional 29 fosse regulamentada e garantisse o mínimo de recursos necessários ao SUS, o que não ocorreu. "A frustração ficou ainda maior agora. Até mesmo a Campanha da Fraternidade deste ano, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil [CNBB], tem a saúde como tema”, diz o presidente da APM, que espera que o clamor da sociedade, também representado pelo projeto de lei de iniciativa popular lançado pelas entidades médicas para aumentar os recursos da Saúde, seja atendido. No total, o corte do Orçamento chegará a R$ 55 bilhões, visando "favorecer o crescimento econômico do país”. No entanto, o argumento é contestado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), já que "a saúde é um importante setor econômico, representando cerca de 9% do PIB, e muito tem contribuído para o desenvolvimento nacional, ao movimentar um potente mercado de bens e serviços e assegurar milhões de empregos. Dessa forma, contingenciar os recursos da saúde contribui para desacelerar o crescimento”. Ainda segundo o CNS, o subfinanciamento da saúde é crônico no Brasil. "A União, em particular, não tem priorizado os investimentos em Saúde, tendo reduzido sua participação no montante total de recursos aplicados na saúde ao longo dos últimos 20 anos”, alegou a entidade em recente carta aberta à presidência da República.
23.02.12 - Saúde é o foco da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Tema volta à pauta pela segunda vez em 49 anos. Entidade cobra melhorias no sistema público de atendimento
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança a Campanha da Fraternidade 2012, direcionada à Saúde Pública. Em 49 anos de mobilização, o tema retorna pela segunda vez à pauta da entidade, com o argumento de que é preciso avançar no setor — a CNBB fez duras críticas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Cortes no orçamento, longas filas para o atendimento, demora para a realização de exames, falta de vagas nos hospitais e de remédios foram alguns dos temas lembrados pela instituição na hora de cobrar agilidade do governo e justificar a escolha do lema "Que a saúde se difunda sobre a terra”. Presente na solenidade em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reconheceu que existem falhas no sistema e prometeu melhorar a gestão dos recursos, além de discutir o SUS "real”, que engloba, às vezes, "a omissão no atendimento”.
O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, destacou a discrepância entre os serviços públicos e particulares e demonstrou preocupação com o corte de R$ 5,4 bilhões no orçamento da Saúde este ano. "Não é exagero dizer que a saúde pública no Brasil não vai bem”, declarou. Para ele, o contingenciamento frusta a expectativa de maior destinação de recursos para a saúde, especialmente após a discussão sobre a Emenda Constitucional 29, que regulamenta o repasse de verbas para o setor.
Representante do Departamento da Pastoral da Saúde, André Luiz também considerou o subfinanciamento da saúde um problema e a Emenda 29, uma regulamentação parcial, além de questionar a falta de transparência e o fenômeno da terceirização na saúde. "Ou a gente volta e valoriza de vez o sistema público de saúde brasileiro como uma conquista social, ou nós vamos entrar em uma roda não muito satisfatória”, alertou.
Na contramão das queixas, o ministro Alexandre Padilha assegurou que nenhum programa será afetado com o corte e afirmou que considera a aprovação da Emenda 29 um avanço. Para ele, a discussão com relação ao financiamento do setor continua, mesmo com o encerramento da tramitação da matéria no Congresso: "Ganhamos uma definição mais clara no que são obrigações e serviços da saúde”. A sugestão do ministro é de que se crie uma Lei de Responsabilidade da Saúde aos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal, na qual sejam estipuladas metas para estados e municípios, além de punições para o gestor que não alcançar o resultado desejado.
Enquanto o ministro prometia melhorias na saúde, o consultor convidado da CNBB e presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), Nelson Rodrigues, cobrava mudanças na política de Estado. Para Rodrigues, a situação da saúde não está "nem na UTI”. "Quem está na unidade intensiva já esteve bom, e esse setor não teve nem a capacidade de se desenvolver, não está conseguindo crescer e ficar saudável. Ele é incapaz de suportar e atender a população. O sistema é arcaico, ineficaz, e não há um rumo visível no horizonte de que isso deixe de acontecer”, lamentou. (Correio Braziliense)
CNBB lança campanha e critica governo
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) critica o contingenciamento de R$ 5,4 bilhões anunciado na semana passada pelo governo federal para a área da saúde. "A notícia nos trouxe grande preocupação”, afirmou o secretário-geral da CNBB, d. Leonardo Ulrich Steiner, durante o lançamento da campanha da fraternidade, cujo tema, este ano é saúde.
As críticas não ficaram restritas ao investimento na área, considerado baixo pela CNBB. Na cerimônia, foram apontados problemas como uso inadequado de recursos, tendência de terceirização dos serviços, fila de atendimento, espera para exames e falta de vagas e medicamentos.
Presente à cerimônia, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que escolha do tema de saúde para campanha permitiria a discussão sobre o "SUS real”, que, por vezes, se vê às voltas com problemas como baixa qualidade, falta de compromisso e omissão no atendimento.
Mas, mesmo admitindo as falhas, o ministro manteve a política de não reclamar dos recursos disponíveis, mas, sim, prometer uso mais eficiente. "É fazer mais com o que se tem”, disse. Mais uma vez, ele defendeu a aprovação de lei de responsabilidade sanitária no Congresso – que prevê punições para gestores que não usam corretamente recursos destinados para a área da saúde.
O ministro garantiu ainda que o corte dos R$ 5,4 milhões não ameaça a execução de nenhum programa de governo, apenas adia a implementação de projetos previstos nas emendas parlamentares. "O orçamento deste ano é de R$ 72 bilhões, 17% a mais do que no ano passado."
A avaliação de Padilha, porém, destoa do diagnóstico feito pelo professor da Unicamp Nelson Rodrigues. Para ele, além de o investimento per capita ser baixo, ele é mal empregado. "Cerca de 50% dos gastos anuais na área são usados como subsídio na saúde privada, em forma de renúncias, cofinanciamento e ressarcimento”, observou. Algo que, em sua avaliação, está longe dos objetivos iniciais do sistema público de saúde. "O SUS transformou-se numa corruptela do sistema de saúde dos EUA.” (O Estado de S. Paulo – Vida)
03.02.12 - Sociedade civil volta a pedir mais recursos para a saúde
A Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Academia Nacional de Medicina e a Associação Paulista de Medicina (APM), apresentou à imprensa nesta sexta-feira (3 de fevereiro) o projeto de lei de iniciativa popular para aumentar os recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Visando alterar a recém-aprovada Lei 141/2012, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, a proposta determina que a União aplique por ano montante igual ou superior a 10% de sua receita corrente bruta (RCB), em ações e serviços públicos de saúde, o que representaria mais R$ 35 bilhões ao SUS.
Para ser levado à votação pelo Congresso Nacional, o projeto de lei precisará da assinatura de pelo menos 1% dos eleitores brasileiros (o que representa cerca de 1,4 milhão de pessoas), sendo que, ao menos em cinco estados deve ter no mínimo 0,3% do eleitorado de cada estado.
A proposta, que circulará pelo país para a coleta de assinaturas, já está disponível para consulta e impressão neste site e nos da APM (www.apm.org.br), AMB e demais entidades médicas.
Florentino Cardoso, presidente da AMB, afirma que o projeto de lei não é das entidades médicas e parceiras, e sim do povo. "Queremos que a saúde pública brasileira tenha mais recursos, porque o povo realmente necessitado está sofrendo e morrendo. Temos de mostrar à presidente que, apesar das definições de investimentos para estados e municípios, precisamos de ao menos 10% das receitas correntes brutas da União para a saúde pública.”
O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão argumenta que se queremos ser um país de primeiro mundo, é preciso ter uma saúde decente. "É recomendado investimento de pelo menos 10% da receita corrente bruta da União, e majoritariamente de recursos públicos. Hoje são investidos cerca de 8% do PIB [Produto Interno Bruto], menos do que diversos países da própria América Latina, e a maior parte vem do setor privado.”
Por sua vez, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, disse que o povo brasileiro está insatisfeito com a saúde pública, que está agonizando em uma UTI: "Falta compromisso político. O Brasil precisa unir forças. A saúde é vital, seja preventiva ou nos hospitais, precisamos de um olhar mais humanista e social. Tal qual o projeto da ficha limpa, de caráter popular; a nova regulamentação da Emenda 29 será realidade, nós precisamos mostrar que somos a força, não o governo.”
Deputado federal e ex-presidente da APM e da AMB, Eleuses Paiva declarou que o projeto não é um movimento partidário e nem contra ninguém. "É a favor da população e de quem acredita no SUS. Entre os países que têm o mesmo sistema universal de saúde que o Brasil, ocupamos o penúltimo lugar em financiamento público de saúde. Por isso, estou empenhado em ir às ruas buscar assinaturas e apoio.”
Já o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, informou que, hoje, 80% da população utilizam a saúde pública, enquanto somente 20% usam o sistema suplementar, sendo que os investimentos privados são muito maiores. "O projeto dá novas esperanças para que a saúde pública tenha recursos necessários.”
Diversos representantes de entidades médicas participaram da coletiva à imprensa, entre eles Marcos Moraes, presidente da Academia Nacional de Medicina, para quem muito se fala da má gestão do SUS. "Mas é possível ser gestor da miséria?”; o 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá Miranda, lembrou que o financiamento insuficiente vem causando a desativação de leitos, sucateamento da rede, remuneração baixa e falta de condições de trabalho no SUS; e Márcio Bichara, secretário de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que argumentou que a área econômica do governo entende a saúde pública como gasto, mas o movimento médico entende como investimento.
Também acompanharam o evento a presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Beatriz Dobashi; o 4º vice-presidente da APM, Akira Ishida; o 1º vice-presidente da AMB e ex-presidente da APM, Jorge Carlos Machado Curi; e o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo Júnior, entre outros.
02.02.12 - OAB e AMB propõem lei de iniciativa popular para garantir mais recursos à saúde
Os 15 vetos da presidente Dilma Rousseff à lei complementar (LC 141/12) que regulamenta os gastos com a saúde seguem gerando divergências.
A Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Médica Brasileira já anunciaram que vão apresentar, em conjunto, uma proposta de lei de iniciativa popular para garantir que 10% das receitas correntes da União sejam investidas no setor. As assinaturas da população começam a ser recolhidas a partir de 3 de fevereiro.
Sancionada no último dia 12, a nova lei não determina ao governo federal um percentual fixo de investimentos em saúde. Prevê apenas que o governo federal aplique no setor, no mínimo, o valor utilizado no ano anterior, acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto no período. Já os estados e municípios devem aplicar 12% e 15%, respectivamente.
Além de não fixar o percentual dos gastos federais, a presidente Dilma excluiu do texto da lei dispositivo que obrigava o aumento dos gastos da União em saúde se houvesse reestimativa do valor do PIB, o que pode implicar em perda de recursos.
A justificativa dos ministérios da Fazenda e do Planejamento é que o PIB apurado a cada ano passa por revisões periódicas, e a necessidade de constante alteração nos valores a serem destinados à saúde pela União poderia gerar instabilidade na gestão fiscal e orçamentária.
Esse veto foi criticado com veemência pelo presidente da OAB. Segundo Ophir Cavalcante, a grande expectativa em torno da regulamentação da Emenda 29, que estabelecia os gastos para o setor, era justamente a vinculação das receitas da União para financiar a saúde pública no País.
"Mas, infelizmente, o governo não permitiu que isso acontecesse, estipulou um percentual de 12% para os estados destinarem à saúde, estipulou o percentual de 15% para os municípios e para si, para a própria União, não estipulou percentual nenhum. Ou seja, fica de acordo com o sabor da vontade política de que estiver no governo. É lamentável que assim seja, é necessário que essa verba seja sim carimbada a fim de que seja aplicada na saúde pública, que está um caos no Brasil."
O deputado Eleuses Paiva (PSD/SP), ex-presidente da Associação Médica Brasileira e da Associação Paulista de Medicina, também defende mais investimentos no setor.
"Eu acredito que essa proposta de lei vindo da sociedade brasileira vai sensibilizar mais a presidente a colocar mais recursos na área de saúde. Esse é meu entendimento, vou apoiar, também vou para as ruas pedir assinaturas."
Para ser apresentado à Câmara, o projeto de iniciativa popular precisa ser assinado por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Outra alternativa é sugerir o projeto à Comissão de Legislação Participativa, onde o texto, se aprovado, passa a tramitar na Câmara como de iniciativa da Comissão.
30.01.12 - Médicos e advogados criam Frente Nacional por Mais Recursos para a Saúde
Em 3 de fevereiro, a Associação Médica Brasileira, Ordem dos Advogados do Brasil, Academia Nacional de Medicina,Associação Paulista de Medicina e várias outras entidades da sociedade civil apresentarão à imprensa Projeto de Lei de Iniciativa Popular, que visa à revisão imediata da Regulamentação da Emenda Constitucional 29, sancionada pela presidente Dilma Rousseff com 15 vetos, dias trás.
Em entrevista coletiva, às 11 horas, na sede da AMB (Rua São Carlos do Pinhal, 324, Bela Vista, São Paulo/SP), também lançarão oficialmente a Frente Nacional por Mais Recursos na Saúde, anunciando as reivindicações, as instituições que já aderiram à mesma, além da estratégia de ação para sensibilizar autoridades e políticos a aprovarem urgentemente a lei que aporte novos investimentos para a saúde, resolvendo a questão do subfinanciamento e afastando a ameaça de colapso do Sistema Único da Saúde (SUS).
Considerada a pior área do primeiro ano do Governo Dilma Rousseff, conforme pesquisa Datafolha divulgada em 25 de janeiro, a saúde sofreu duro golpe com a Lei Complementar nº 141/2012, que regulamenta a EC 29, pois a mesma manteve as bases de cálculo da União nos parâmetros atuais.
Dessa forma, deixará ter cerca de R$ 35 bilhões a mais. Esse valor seria repassado ao SUS se fosse aprovado o projeto original do Senado, o PLS 121/2007, de autoria do senador Tião Viana. Uma das reivindicações de médicos, advogados e da sociedade em geral é a de que a Federação passe a investir imediatamente no setor 10% da Receita Corrente Bruta.
"O aumento dos recursos para a saúde lamentavelmente não se concretizou”, afirma Florentino Cardoso, presidente da AMB. "Entretanto, somos firmes em nossas convicções e não retrocederemos. A saúde do Brasil necessita de mais investimentos e esta é uma luta da qual não abrimos mão, inclusive em respeito aos nossos pacientes. O Projeto de Lei de Iniciativa Popular visa, entre outras premissas, garantir legalmente que a União invista 10% da Receita Corrente Bruta (RCB) na saúde pública”.
"A despeito de o próprio ministro da Saúde já haver declarado publicamente a necessidade de mais R$ 45 bilhões para estruturar o sistema público de saúde do Brasil, os investimentos no setor continuarão praticamente nos mesmos patamares de hoje, conforme a Lei 141/2012, sancionada pela Presidência da República, complementa Florisval Meinão, presidente da APM. "Entendemos que o SUS não consegue atender plenamente as necessidades da população, em parte porque seu financiamento é insuficiente. O revés momentâneo não nos fará retroceder. Temos um compromisso com a assistência integral e de qualidade aos cidadãos, que , aliás, é dever constitucional do Estado”.
Simultaneamente ao lançamento da Frente e do projeto de Lei de Iniciativa Popular, as entidades também iniciarão amplo movimento contra a corrupção em todos os níveis de poder.
19.01.12 - Médicos e advogados criam Frente Nacional por Mais Recursos para a Saúde
Associação Médica Brasileira, Ordem dos Advogados do Brasil, Academia Nacional de Medicina e Associação Paulista de Medicina lançarão, no dia 03 de fevereiro, Projeto de Lei de Iniciativa Popular pedindo a revisão imediata da EC 29, sancionada esta semana pela presidenta Dilma
Sancionada no último dia 16 de janeiro pela presidenta Dilma Rousseff, com quinze vetos, a Lei Complementar nº 141/2012, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, é motivo de insatisfação entre médicos, profissionais da saúde e no seio da sociedade civil. Depois de mais de dez anos de espera e de muita pressão social, o resultado frustrou as expectativas de solucionar o grave problema do subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), mantendo as bases de cálculo da União, dos Estados e Municípios nos parâmetros atuais.
Dessa forma, o SUS deixará de ter incrementados recursos novos de cerca de R$ 35 bilhões, o que ocorreria se a opção fosse pela aprovação do projeto original do Senado, o PLS 121/2007, de autoria do senador Tião Viana.
Entre médicos, advogados e sociedade civil, o entendimento é que se perdeu oportunidade histórica de respeito prático ao Artigo 196 da Constituição Federal que estabelece: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Projeto de Lei de Iniciativa Popular e Reivindicação A AMB, OAB, Academia Nacional de Medicina e APM já iniciaram ampla mobilização para reverter o quadro. Já têm novas adesões e estão em contato com diversas instituições da entidade civil, para angariar novos apoios à Frente Nacional Por Mais Recursos à Saúde. O lançamento oficial da Frente e do Projeto de Lei de Iniciativa Popular para mudar a lei Complementar 141/2012 ocorrerão em 03 de fevereiro de 2012, na sede da Associação Médica Brasileira (Rua São Carlos do Pinhal, 324, Bela Vista, São Paulo/SP).
"O aumento dos recursos para a saúde que pleiteávamos lamentavelmente não se concretizou”, afirma Florentino Cardoso, presidente da AMB. "Entretanto, somos firmes em nossas convicções e não retrocederemos. A saúde do Brasil necessita de mais investimentos e esta é uma luta da qual não abrimos mão, inclusive em respeito aos nossos queridos pacientes. O Projeto de Lei de Iniciativa Popular visa, entre outras premissas, garantir legalmente que a União invista 10% da Receita Corrente Bruta (RCB) na saúde pública”.
"A despeito de o próprio ministro da Saúde já haver declarado publicamente a necessidade de mais R$ 45 bilhões para estruturar o sistema público de saúde do Brasil, os investimentos no setor continuarão praticamente nos mesmos patamares de hoje, conforme a Lei 141/2012, sancionada pela Presidência da República, complementa Florisval Meinão, presidente da APM. "Entendemos que o SUS não consegue atender plenamente as necessidades da população, em parte porque seu financiamento é insuficiente. Para se tornar um país desenvolvido, o Brasil precisa seguir o que as nações de primeiro mundo e da própria América do Sul já estão investindo hoje em saúde, isto é, em média, no mínimo 10% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo 70% de investimento público.
Atualmente, aplicamos cerca de 8% do PIB, porém 4,5% relativos ao sistema privado e apenas 3,5% em saúde pública, ou seja, metade do que seria o mínimo adequado, ainda mais tendo em vista nossa proposta de atendimento integral”. Vale ressaltar que, simultaneamente ao lançamento da Frente e do projeto de Lei de Iniciativa Popular, as entidades também iniciarão amplo movimento contra a corrupção em todos os níveis de poder.
19.01.12 - Mesmo com SUS, famílias arcam com 56,3% das despesas com saúde
Apesar de o Brasil contar com o SUS (Sistema Único de Saúde), que tem como princípio prestar atendimento gratuito e universal, as famílias brasileiras responderam por mais da metade dos gastos com saúde no país entre 2007 e 2009.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que divulgou nesta quarta-feira (18) a pesquisa "Conta-Satélite de Saúde", as despesas das famílias com bens e serviços de saúde, como planos, consultas, internações e medicamentos, chegaram a 56,3% do total do país nesse período.
Em 2009, o gasto público médio com saúde foi de R$ 645,27 por pessoa. Já as despesas privadas foram de R$ 835,65 per capita em média.
Segundo o IBGE, porém, os gastos públicos cresceram proporcionalmente mais do que os privados. Em 2009, houve crescimento de 5,2% das despesas da administração pública com saúde --aí computadas as esferas muncipal, estadual e federal. Já as famílias aumentaram seus gastos com o setor em 3,5%.
No total, o valor dispensado com saúde chegou a R$ 283,6 bilhões, o equivalente a 8,8% do PIB de 2009. O consumo de serviços de saúde, como atendimento hospitalar e exames, respondeu por 5,6% do PIB, e o de medicamentos, a 1,9%.
O estudo foi feito com base em dados do PIB, também calculado pelo IBGE. No caso das famílias, em 2009 a maior parte dos recursos (36,3%) foi destinada para consultas, exames e atendimento domiciliar (grupo que o IBGE chama de "outros serviços relacionados com atenção à saúde"). Em seguida vêm os gastos com medicamentos, com 35,8%.
Já os gastos do governo foram majoritariamente (66,4%) destinados para serviços públicos de saúde, como hospitais, postos de saúde, Programa de Saúde da Família, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e laboratórios da administração pública. Não entram, portanto, os serviços privados conveniados ao SUS. Em segundo lugar, com 13,7%, vêm os medicamentos.
POSTOS DE TRABALHO O setor de saúde respondeu em 2009 por 4,5% dos postos de trabalho no país. Naquele ano, o total de vagas no setor chegou a 4,3 milhões, 115 mil a mais do que em 2007. Isso não significa, porém, que o total de pessoas ocupadas seja esse, já que a mesma pessoa pode ocupar mais de uma vaga --fenômeno comum entre médicos com mais de uma ocupação, por exemplo.
Os dados consideram todos os postos de trabalho diretos gerados pelo setor. Portanto, não incluem apenas profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas, mas também secretários, porteiros e pessoal de limpeza que trabalham em estabelecimentos de saúde, entre outros.
A pesquisa também mostrou que, apesar de responder por 4,5% dos postos de trabalho, a saúde concentrava 7,8% das remunerações pagas aos trabalhadores no país. Em média, as pessoas empregadas no setor ganharam R$ 22.395,00 no ano de 2009. O rendimento médio nacional no mesmo período foi de R$ 14.222,04.
Na saúde, os maiores salários estavam nas atividades relacionadas ao atendimento hospitalar (R$ 48.851,21 por ano).
Por: Folha.com
18.01.12 - Frente retomará pressão para aumentar investimentos na saúde
Dois dias depois da sanção da lei fixando os valores mínimos que a União, os estados e os municípios devem aplicar na saúde — a regulamentação da Emenda 29 (Lei Complementar 141/13) —, o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, Darcísio Perondi, disse que o grupo vai se reunir em março com o objetivo de retomar a pressão para aumentar os investimentos do governo federal no setor para 10% do Orçamento.
Esse percentual foi defendido pela frente durante a votação, no Senado, da proposta que originou a lei, mas foi derrotado por orientação do governo. A nova lei determina que o governo federal aplique em saúde no mínimo o valor usado no ano anterior, acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) no período.
Segundo o deputado Perondi, esse valor equivale a apenas 7% do Orçamento, valor insuficiente para resolver o problema da saúde. Ele argumenta que o Executivo tem condições de investir mais. "O governo tem uma bondade celestial com um grupo seleto de empresários, que capta empréstimos com juros de apenas 6%, mas ao mesmo tempo tem um rigor bélico com os doentes que precisam de tratamento e com as crianças que precisam de vacinas”, criticou.
Apesar de exigir o aumento dos gastos federais, Perondi comemorou a definição, pela nova lei, do que são ou não gastos em saúde, o que vai impedir que o Orçamento seja maquiado com despesas alheias ao setor e facilitar a fiscalização: "Gasto de saúde não é saneamento, esgoto, plano de saúde das secretarias de saúde, previdência dos servidores. É para atendimento de saúde universal, o que agora está claro na lei”.
Vetos Perondi criticou o veto da presidente Dilma Rousseff ao dispositivo, aprovado pelo Congresso, que aumentava os valores aplicados na saúde sempre que houvesse reestimativa do PIB. "Esse veto traz a simbologia de que o governo não quer colocar mais dinheiro na saúde, porque a medida teria um impacto pequeno”, avaliou.
A oposição já anunciou que vai defender a derrubada desse veto. O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), quer pedir urgência na análise desses vetos pelo Congresso Nacional, contando com os votos dos parlamentares defensores da saúde como trunfo para a derrubada do veto. "Como a votação será secreta, a chance de derrubarmos esses vetos é real”, disse Nogueira.
O presidente da Frente da Saúde, no entanto, tem outra avaliação. "A chance de derrubada de veto é zero”, disse Perondi.
Por: Agência Câmara
16.01.12 - Presidenta sanciona regulamentação da EC 29; APM lamenta
A presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou, nesta segunda-feira (16 de janeiro), a Lei Complementar nº 141, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, aprovada pelo Congresso em dezembro. O texto define claramente o que deve ser considerado gasto em saúde e fixa os percentuais mínimos de investimento na área pela União, Estados e Municípios. Confira na íntegra.
Fica mantida a regra aprovada pelo Congresso que obriga a União a aplicar na saúde o valor empenhado no ano anterior, mais a variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).
A Associação Paulista de Medicina (APM) compreende que, dessa forma, o Sistema Único de Saúde permanece à beira de um colapso em virtude da crônica falta de recursos. A outra proposta era estabelecer como investimento mínimo da União valor correspondente a 10% da sua receita corrente bruta, o que representaria acréscimo de R$ 35 bilhões ao setor. Leia mais.
Já os estados deverão investir 12% de sua receita, enquanto os municípios devem investir 15%. E os percentuais de aplicação pelo Distrito Federal ficarão entre 12% e 15% (a depender se a receita for originária de tributo estadual ou municipal).
"O que a gente escutou do Ministério da Saúde e da própria presidenta é que a pasta estava amealhando anualmente mais ou menos 80 bilhões de reais. Nossa esperança era ter o dobro disso, e nós não vamos ter. A decisão transferiu a responsabilidade de direcionamento de dinheiro para atender às primeiras necessidades para os estados e prefeituras”, argumenta o diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury.
Para o presidente da APM, Florisval Meinão, as punições da regulamentação para quem não cumprir os percentuais são brandas, os prazos são indefinidos e o sistema de fiscalização não muito eficiente: "A emenda foi regulamentada, mas vai demorar para realmente entrar em prática. No final, mudou muito pouco a situação da saúde pública no Brasil”.
Além de estabelecer os gastos mínimos na saúde, a nova lei define que os recursos aplicados no setor sejam destinados às "ações e serviços públicos de acesso universal, igualitário e gratuito”. São considerados gastos em saúde a compra e distribuição de medicamentos, gestão do sistema público de saúde, desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade promovido por instituições do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros. Gastos em ações de saneamento básico, compra de merenda escolar, ações de assistência social, pagamento de aposentadorias e pensões, por exemplo, não podem ser considerados investimentos em saúde.
"A nova regra contribuirá para combater desperdícios, melhorar controle dos gastos e aumentar fiscalização de recursos aplicados no setor”, afirma o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O diretor de Economia Médica da APM, Tomás Smith-Howard, acredita que, "embora não tenhamos conseguido os 10% de investimento federal, houve um avanço porque ficou definido o que cada um deve investir e também garantido que o que é da Saúde fique com a Saúde, que a verba não seja usada para outros projetos”.
Veto a novo tributo A presidenta Dilma vetou artigos que possibilitariam retomar a criação de um novo tributo para financiar o setor – a chamada Contribuição Social sobre a Saúde (CSS). O Congresso já havia retirado do texto a base de cálculo do novo imposto, o que por si só já inviabilizaria sua existência. Porém, o texto permitia que um projeto de lei complementar pudesse instituir novamente essa base de cálculo para o imposto. Com os vetos, o surgimento de um novo imposto para a saúde só será possível por meio de um novo projeto no Congresso e nova discussão pelos parlamentares.
"Impossibilitar a criação de um novo imposto também foi positivo, seria ridículo vivermos isto de novo, porque sabemos que no final grande parte da arrecadação não iria para a Saúde”, disse o ex-presidente da APM e atual vice-presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Jorge Carlos Machado Curi, que também afirmou que as entidades médicas precisam continuar lutando para aumentar o financiamento do SUS. "Não resolver os problemas da saúde pública vai continuar influenciando negativamente sobre os planos de saúde.”
*Com informações da Agência Saúde
13.12.11 - Regulamentação da Emenda 29 frustra Nação, deixando SUS à beira do colapso
O Senado Federal regulamentou, em 7 de dezembro, a Emenda Constitucional 29, normatizando as aplicações mínimas da Federação, de estados e municípios na saúde pública, além de estabelecer os gastos que podem ser contabilizados efetivamente como investimentos no setor.
Devido à opção dos parlamentares por um substitutivo ao projeto original do próprio Senado, o PLP 306/2008, a normatização não atendeu à antiga reivindicação de médicos, de demais agentes de saúde e da sociedade civil, frustrando a Nação.
Os estados permanecerão destinando 12% de suas receitas à saúde e os municípios, 15%. , segundo o texto aprovado. Também para a União manteve-se a base de cálculo adotada até então: o valor aplicado no ano anterior acrescido da variação nominal do produto interno bruto (PIB) dos dois anos anteriores.
A Associação Paulista de Medicina, a Academia de Medicina de São Paulo e o Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS compreendem que, dessa forma, o Sistema Único de Saúde permanece à beira de um colapso em virtude da crônica falta de recursos. A despeito de o próprio ministro da Saúde já haver declarado publicamente a necessidade de mais R$ 45 bilhões para estruturar o sistema público de saúde do Brasil, os investimentos no setor continuarão praticamente nos mesmos patamares de hoje.
Infelizmente, perdeu-se a oportunidade histórica de respeito prático ao Artigo 196 da Constituição Federal que estabelece: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Com a decisão do Senado, o SUS deixará de receber uma injeção de cerca de novos R$ 35 bilhões, o que ocorreria se a opção fosse pela aprovação do projeto original do Senado, o PLS 121/2007, de autoria do senador Tião Viana.
Compreendemos que a regulamentação teve como positivo o fato de evitar que, de agora em diante, ocorram desvios de verbas para outras finalidades. Limpeza urbana e merenda escolar, por exemplo, não podem mais ser contabilizados como saúde. Entretanto, o avanço com a regulamentação da EC 29 foi ínfimo em relação à expectativa de médicos e cidadãos.
A Associação Paulista de Medicina, a Academia de Medicina de São Paulo e o Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS lamentam a chance desperdiçada, mas comprometem-se com os brasileiros a não abrir mão de suas convicções. Daremos prosseguimento à luta por mais recursos para o sistema público de saúde e por assistência de qualidade aos cidadãos.
Associação Paulista de Medicina Academia de Medicina de São Paulo Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS
08.12.11 - Emenda 29 é regulamentada e vai para sanção presidencial
Proposta é aprovada sem criação de imposto e sem mudar base de cálculo para os gastos mínimos do governo federal com saúde
O Plenário do Senado aprovou, na noite de 7 de dezembro, proposta que regulamenta as aplicações mínimas do governo federal, dos estados e dos municípios na saúde pública, como previsto pela Emenda Constitucional 29. O texto, que agora vai para sanção presidencial, tem três pontos principais.
O primeiro é o estabelecimento de lista do que são gastos com saúde e do que não são. Assim, a regulamentação evita que governantes apliquem em outras ações o dinheiro que deveria ser investido em saúde. Limpeza urbana e merenda escolar, por exemplo, não podem ser contabilizados como saúde.
Pela Emenda 29, os estados precisam destinar 12% de suas receitas à saúde. Os municípios, 15%. Usando o artifício de incluir os gastos de limpeza urbana e merenda, governadores e prefeitos atingem aqueles percentuais com mais facilidade. Regulamentada a Emenda 29, portanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a receber verbas que iam indevidamente para outras áreas.
O segundo ponto são os gastos da União com saúde pública. No texto aprovado, manteve-se a base de cálculo que a União adota hoje: o valor aplicado no ano anterior acrescido da variação nominal do produto interno bruto (PIB) dos dois anos anteriores.
Em 2012, portanto, a União aplicará o empenhado em 2011 mais o PIB de 2010 — somando R$ 86 bilhões.
Nesse ponto, o Senado chancelou a decisão tomada pela Câmara. Em setembro, os deputados aprovaram substitutivo ao projeto original, do Senado, que previa aplicação de 10% da receita bruta corrente do governo federal — R$ 100 bilhões.
Como o projeto não foi aprovado dessa forma, a oposição diz que o sistema de saúde deixará de receber cerca de R$ 20 bilhões.
Na opinião do presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, o avanço com a regulamentação da EC 29 foi pequeno em relação à expectativa da classe médica, porque o mais importante era aumentar os recursos para a Saúde, o que não foi feito. "Definir o que é gasto com saúde representa certo avanço, porque as prefeituras e governos estaduais não poderão mais colocar algumas despesas como gastos em saúde”, avalia.
No entanto, segundo Meinão, o próprio ministro da Saúde declarou publicamente a necessidade de mais R$ 45 bilhões para estruturar o sistema público de saúde. "Infelizmente, teremos que continuar convivendo com recursos insuficientes. Isso é um duro golpe, em especial para os que dependem do sistema público de saúde”, declarou.
O terceiro ponto foi a rejeição da emenda da Câmara que criava um tributo destinado à saúde (CSS), no modelo do que foi a CPMF. Embora esse tributo tenha sido derrubado pelo Plenário da Câmara, permanecia no texto a previsão de recolhimento de 1% a título de contribuição, embora sem qualquer base de cálculo.
*Com informações da Agência Senado
01.12.11 - Duas mil pessoas marcham em Brasília pela EC 29
Cerca de duas mil pessoas de entidades – entre elas representantes da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – além de parlamentares, gestores e líderes dos movimentos civis, marcharam pela esplanada dos ministérios no dia 30 de novembro, por Ato em Defesa do SUS.
A mobilização pedia a aprovação do Projeto de Lei do Senado Federal para regulamentação da Emenda Constitucional 29. O ato marcou a abertura da 14ª Conferência Nacional de Saúde, evento que acontece de 30 de novembro a 4 de dezembro de 2011, em Brasília (DF).
A EC 29 estabelece limites mínimos de investimentos da União, Estados e Municípios em saúde e foi com esse foco que os manifestantes defendem que a União gaste o equivalente a 10% de sua receita corrente bruta na área. Este acréscimo representaria um aumento de R$ 31 bilhões ao orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) em três anos.
Tomás P. Smith-Howard, diretor de Economia Médica da Associação Paulista de Medicina (APM), representou a entidade no ato. "Todas as entidades e representações da sociedade civil se manifestaram pela regulamentação da EC com investimento de 10% da receita corrente bruta da União e sem prejudicar a população com um novo imposto”, conta. "Foi um ato popular de expressão cívica pelo direito constitucional dos cidadãos à saúde de qualidade.”
Eleuses Paiva, vice-presidente da Frente Parlamentar da Saúde, Desiré Carlos Callegari, diretor adjunto de Tecnologia de Informação da APM, e o vereador Gilberto Natalini também participaram, entre diversas lideranças.
*Com informações do CFM
21.11.11 - Emenda Constitucional 29: Movimento defende regulamentação por meio do PL 121/07
Está prevista para os próximos dias a votação no Senado Federal da Emenda Constitucional 29, que estabelece as destinações mínimas a serem feitas por Federação, estados e municípios à saúde, além de definir quais os gastos podem ser considerados legalmente investimentos em saúde.
Caberá aos senadores da República optar entre dois projetos de lei: o original, PLS 121/2007, de autoria do senador Tião Viana, e o PLP 306/2008, aprovado recentemente na Câmara dos Deputados - ambos com exclusão de qualquer vinculação com a criação de um novo imposto.
Nesse momento histórico, em que o Senado Federal tem a real oportunidade de minimizar o problema crônico de insuficiência de recursos do Sistema único de Saúde, abrindo perspectivas alvissareiras para a assistência aos cidadãos brasileiros, o Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS vêm a público tecer considerações importantes aos parlamentares envolvidos na votação e à Nação:
1. A sociedade brasileira é marcada por desigualdades, o que sabemos condicionar o próprio desenvolvimento do país. Por isso, é fundamental investir em saúde, fazendo do seu acesso um instrumento de justiça social.
2. Neste sentido, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, foi uma grande conquista da sociedade brasileira, ao escrever na nova Constituição que saúde é direito de todos e dever do Estado. Ao longo desses mais de 20 anos, houve avanços significativos nesta proposta.
3. No entanto, prevalecem enormes desafios para cumprir os princípios de equidade, integralidade e universalidade do SUS. É marcante a dificuldade de muitos brasileiros para obter atendimento, principalmente nas periferias urbanas e nas áreas mais distantes dos grandes centros.
4. Entendemos que o SUS não consegue atender plenamente as necessidades da população, em parte porque seu financiamento é insuficiente. Para se tornar um país desenvolvido, o Brasil precisa seguir o que as nações de primeiro mundo e da própria América do Sul já estão investindo hoje em saúde, isto é, em média, no mínimo 10% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo 70% de investimento público. Atualmente, aplicamos 8% do PIB, mas 4,5% relativos ao sistema privado e apenas 3,5% em saúde pública, ou seja, metade do que seria o mínimo adequado, ainda mais tendo em vista nossa proposta de atendimento integral.
5. O resultado das destinações insuficientes à saúde são infraestrutura precária, profissionais subvalorizados e falta de insumos, entre outros, o que acarreta iminente ameaça de colapso do SUS e de desassistência aos cidadãos brasileiros.
6. A votação da regulamentação da EC 29 é essencial para a reversão desse quadro. Os dois projetos a serem analisados pelos senhores senadores estabelecem percentuais de aplicação para estados e municípios de 12% e 15% da receita própria, respectivamente. Contudo, há divergências importantes quanto aos recursos federais.
7. O da Câmara determina que a União destine à saúde o mesmo montante do ano anterior acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois últimos anos. Por isso, pelo PLP 306/08, o investimento federal seria semelhante ao já praticado hoje.
8. Já o projeto do Senado, amplamente apoiado pelas entidades médicas, determina que a União invista 10% de sua receita corrente bruta (RCB). Algo em torno de R$ 104 bilhões ou quase um terço a mais do que o orçamento deste ano, equivalente a 7% da RCB. Para minimizar o impacto inicial sobre o orçamento e dar tempo ao Executivo para rever a distribuição de seus investimentos entre as diversas áreas, o percentual inicial seria de 8,5% da RCB, chegando aos 10% em cinco anos.
9. Dessa forma, o Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS é favorável à escolha do PLS 121/2007, que deverá corrigir o decréscimo paulatino dos recursos federais para a saúde observado nos últimos anos, enquanto a maior parte dos municípios e alguns estados arcam com verbas superiores às exigidas por lei.
10. Registramos, por fim, que os recursos públicos na saúde precisam ser bem geridos, com transparência, controle da sociedade e alocação dessas verbas de forma bem estruturada para que possam melhor contemplar as necessidades da população.
APM – Associação Paulista de Medicina AMB – Associação Médica Brasileira OAB-SP – Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo CMB – Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas FEHOSP – Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo ISCMSP – Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo FIESP / COMSAÚDE – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo / Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde COREN-SP – Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo PROTESTE – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor SINDHOSP – Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios FEHOESP – Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo ABCD – Associação Brasileira dos Cirurgiões Dentistas CROSP – Conselho Regional de Odontologia de São Paulo ACT – Alianç a de Controle do Tabagismo Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo Câmara Municipal de São Paulo Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte Sociedade Brasileira de Nefrologia Sociedades de Especialidades Médicas do Estado de São Paulo Regionais da Associação Paulista de Medicina
18.11.11 - Médicos defendem aprovação do texto original da EC 29
Na próxima terça-feira, 22 de novembro, a Frente Parlamentar da Saúde realizará uma mobilização no Senado em prol da Emenda Constitucional 29. No primeiro momento, os integrantes da frente farão uma visita aos gabinetes dos senadores, junto com as entidades do setor da Saúde que defendem o Sistema Único de Saúde (SUS).
Já no fim da tarde, deputados e senadores entrarão no Plenário do Senado, vestidos de branco (jaleco), para solicitar a imediata votação da Regulamentação da EC 29 com os 10% das receitas correntes brutas da União. "Agora é o momento de nos mobilizarmos. Vamos lutar para que o Senado restaure o texto original”, afirma o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi.
De acordo com o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, a movimentação em Brasília é importante para mostrar aos senadores a necessidade de aprovação do melhor projeto de financiamento do SUS, que em sua opinião é o original do senador Tião Viana. "A proposta alterada e aprovada na Câmara não atende às necessidades do SUS, por isso é importante o empenho para a aprovação do projeto original.”
Em 30 de novembro, por sua vez, ocorrerá a Marcha dos delegados e participantes da 14ª Conferência Nacional de Saúde, às 14h, saindo da Catedral de Brasília e vindo até o Congresso Nacional.
27.10.11 - Regulamentação da Emenda 29 tramita em regime de urgência
O plenário do Senado aprovou, no dia 25 de outubro, requerimento de urgência para votação da regulamentação da Emenda Constitucional 29, que determina percentuais mínimos de investimentos em saúde por parte da União, Estados e municípios, além de definir o que são e o que não são gastos da área.
A solicitação foi assinada por lideranças de todos os partidos. Assim, a matéria não precisa mais passar pelas Comissões e pode seguir diretamente para a apreciação do plenário, o que pode ocorrer em breve. Com isso, cresce a pressão da sociedade pela aprovação do texto, que também já passou pela Câmara dos Deputados, onde a decisão final ocorreu em setembro.
Diversos setores da sociedade, a Frente Parlamentar da Saúde, governadores e prefeitos defendem a versão aprovada pelos senadores em 2007, segundo a qual os investimentos da União em saúde devem corresponder a 10% de sua receita corrente bruta, isto é, em torno de R$ 104 bilhões ou quase um terço a mais do que o montante aplicado hoje.
A Emenda Constitucional 29 foi aprovada em 2000, mas sua regulamentação tramita no Congresso Nacional desde 2003.
25.10.11 - Movimento em prol do SUS tem grande repercussão na imprensa
A Associação Paulista de Medicina e a Associação Médica Brasileira promoveram nesta terça-feira, 25 de outubro, um café da manhã com a imprensa para debater os problemas do Sistema Único de Saúde. O ato, que faz parte do "Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS” contou com execução do Hino Nacional e a exposição de uma bandeira imensa no prédio da APM. Durante a coletiva, representantes de médicos, odontologistas e enfermeiros, além de entidades da sociedade civil e personalidades políticas debateram os desafios e firmaram um compromisso de lutar pela saúde brasileira. Para isso, pediram ajuda da mídia na divulgação destas questões para a sociedade. Mesmo antes do café da manhã terminar, a mídia respondeu ao apelo e diversas notícias foram publicadas a respeito do movimento e dos problemas a respeito do Sistema Único de Saúde.
Veja abaixo algumas delas:
- Jornal Hoje: Médicos do SUS fazem paralisação de 24 horas em 21 estados
- SPTV 2ª edição: Protestos de médicos do SUS prejudica atendimento em dois hospitais da capital
- SPTV 1ª edição: Médicos do SUS fazem paralisação de 24 horas
- Jornal da Globo: Paralisação de médicos que atendem pelo SUS atinge 21 estados
- iG: Médicos fazem protesto por melhores salários em São Paulo, no Rio e no Paraná
- Jornal Hoje: Médicos do SUS fazem paralisação em 21 estados
- G1: Greve do SUS afeta atendimento em dois hospitais de SP
- Agência Brasil: Presidente da Associação Paulista de Medicina quer que país dobre investimento em saúde
- Estadão: Médicos do SUS prometem parar hoje
- Folha: Médicos param hoje unidades do SUS em 21 Estados
- DCI: Médicos do SUS devem suspender atendimento amanhã
- A Tribuna: Paralisação dos médicos do SUS não irá afetar atendimento na região
- Jornal do Brasil: Médicos do SUS fazem protesto por melhores salários em 18 estados
- G1: Médicos do SUS vão parar em 22 estados nesta terça, diz federação
- G1: Médicos paralisam atendimentos feitos pelo SUS, nesta terça-feira no AM
- Médicos do SUS param as atividades por 24 horas nesta terça-feira na PB
- A Tarde: Médicos devem parar atendimento em 21 Estados
- Diario do Grande ABC: Greve dos médicos atingirá 21 Estados
- R7: Médicos da rede pública vão parar atendimento amanhã
- Folha de Pernambuco: Médicos do SUS devem parar em mais de 20 estados
- Exames: Médicos devem parar atendimento em 21 Estados
- Estadão: Médicos da rede pública fazem paralisação e manifestações nesta terça
- Diário do Grande ABC: Médicos da rede pública vão parar atendimento
25.10.11 - Entidades lançam Movimento em Defesa do Sistema Único de Saúde
O dia 25 de outubro, terça-feira, foi marcado por uma inédita manifestação em prol do Sistema Único de Saúde. Médicos, enfermeiros, cirurgiões dentistas, representantes de hospitais e da sociedade civil estiveram na sede da Associação Paulista de Medicina (APM) para um café da manhã com a grande imprensa, em que debateram os principais problemas da saúde pública brasileira e marcaram o compromisso de lutar juntos por atendimento de qualidade à população. Para marcar o ato, que contou com a execução do Hino Nacional e faz parte do Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS, o prédio da APM, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, foi envelopado com a Bandeira do Brasil, numa composição de 15,5 x 22 metros. O objetivo é chamar a atenção da opinião pública, dos governantes e dos órgãos competentes para o grave quadro da saúde pública no país, partindo do princípio de que o acesso à assistência qualificada é um instrumento de justiça social. O presidente eleito da APM (cuja posse oficial acontece no dia 5 de novembro), Florisval Meinão, abriu a discussão lembrando que hoje é um dia especial, em que a classe médica vai até a sociedade para esclarecer as dificuldades que encontra no SUS. Segundo Meinão, o SUS é um "jovem de vinte e três anos”, que já avançou muito, mas ainda tem muito a evoluir. "O Brasil é um país desigual. É função dos médicos, que vivem essas dificuldades no dia a dia, juntos desenvolvermos ações que efetivamente diminuam as desigualdades sociais. Discutir soluções para o SUS é discutir soluções para nossas desigualdades.” Meinão citou ainda a existência de inúmeros projetos de lei que há anos tentam em vão melhorar o sistema. "Como consequência, há enormes filas, pessoas sem atendimento; profissionais de saúde desvalorizados. Faltam principalmente ações de financiamento para que o SUS cumpra a sua tarefa”, disse o presidente eleito, apontando que outros países investem pelo menos 10% do PIB para um atendimento parcial da população enquanto o Brasil investe 8% do PIB, sendo somente 3,5% para a saúde pública. O apelo foi intensificado pelos representantes do Sindhosp, Dante Montagnana; Paulo Oliver, da OAB-SP; e Ruy Baumer, da Fiesp, que ressaltou que a quantidade de impostos no setor da saúde chega a 18%, entre compra e venda de equipamentos e pagamento de prestadores de serviços. "Só a diminuição desta parcela já ajudaria muito o financiamento”, comenta Baumer. Representante da Associação dos Médicos Residentes, Alexandre Audi se mostrou preocupado com o SUS que os jovens médicos irão encontrar no futuro caso nada seja feito. "Pertenço ao grupo de médicos que vai trabalhar no SUS daqui para frente. O subfinanciamento desses últimos anos causa a bancarrota que temos hoje com problemas de atendimento e diminuição das cirurgias. Se continuar assim, o que será do Sistema em mais 20 ou 30 anos?” Os enfermeiros e os odontólogos, representados respectivamente por Maria Angélica Giannini Guglielmi (Conselho Regional de Enfermagem) e Emil Razuk (Conselho Regional de Odontologia) também destacaram a importância da união das entidades e profissões para conseguir resultados. "Tenho certeza de que a melhoria das condições de trabalho resulta em melhor qualidade no atendimento para a população e isso só é possível conseguir unindo forças”, diz Maria Angélica, que manifestou o comprometimento para que daqui a 30 anos o SUS seja o sistema exemplar a que se propõe. Os vereadores Jamil Murad e Gilberto Natalini se uniram em discurso semelhante, pregando o suprapartidarismo em prol de uma melhor saúde. Enquanto Murad lembrou que, sem pagar bem os profissionais, é impossível conseguir médicos preparados, isso tanto no sistema público quando na saúde suplementar. Natalini lembrou que o melhor financiamento tem sido uma batalha antiga da classe médica e que não será resolvido com um novo imposto. "Tranquem as torneiras do desperdício e da corrupção que vai sobrar dinheiro sem precisar onerar ainda mais o bolso num novo imposto.” O deputado Ulysses Tassinari anunciou o envolvimento da Assembleia Legislativa por meio da Comissão de Saúde. "Trabalho há 50 anos e há muito tempo nas Santas Casas e a gente vê o sofrimento que passam as filantrópicas para manter suas portas abertas. Isso acontece principalmente com os pacientes de pequenos municípios, que dependem quase integralmente do SUS. Prefeitos não têm mais de onde tirar dinheiro. Deveriam investir 15% em saúde, mas investem mais de 25%.” O ex-presidente da APM e da Associação Médica Brasileira, deputado Eleuses Paiva, destacou números do investimento, que ele entende como uma "tentativa de inviabilizar o SUS”. "Do total de 8% do PIB investido em saúde, o setor privado recebe de 4,3% a 4,5% do PIB e atende 18% da população. Enquanto isso, o resto dos brasileiros, 82% de toda população, recebe somente 3,5% do PIB”, diz Paiva, lembrando que 95% das Santas Casas e entidades filantrópicas estão em situação complicada. Por fim, o presidente da APM, Jorge Carlos Machado Curi, destacou o papel da imprensa na promoção dos valores expostos e indicou que ação deve ter continuidade. "Vamos começar com reuniões em São Paulo, um local essencial, pois aqui reunimos ao mesmo tempo a melhor medicina e um grande desassistencialismo. Mas tenho certeza de que toda a sociedade vai se organizar”. 25.10.11 - Dados do setor
SUS: patrimônio de todos os brasileiros
Movimento Saúde e Cidadania em Defesa do SUS reivindica socorro à saúde pública
Brasil: 7° PIB do mundo e 72° no gasto em saúde
O Brasil, já considerado o 7º maior PIB (Produto Interno Bruto) do planeta, encontra-se no 72º lugar no quesito investimento público em saúde. No ranking de 193 países feito pela Organização Mundial da Saúde, o Brasil gasta US$ 317 por pessoa/ano, 20 vezes a menos que a campeã Noruega.
Na América do Sul, o Brasil perde para Argentina, Uruguai e Chile. No G-20, fica em 15° lugar; só ganha da África do Sul, China, México, Índia e Indonésia. O desempenho brasileiro no financiamento público em saúde é 40% mais baixo do que a média internacional (US$ 517).
Além da comparação dos gastos públicos com outros países, o Brasil é considerado um dos mais desiguais do mundo no acesso à saúde, pois tem orçamento privado 2,4 superior ao orçamento público, proporcionalmente à população coberta pelos planos de saúde e pelo SUS.
Números do SUS
● 453,7 milhões de consultas médicas/ano ● 11,3 milhões de internações ● 2,3 milhões de partos ● 20 milhões de consultas pré-natal ● 2 bilhões de procedimentos ambulatoriais
Alta complexidade
● 282 mil cirurgias cardíacas ● 98 mil cirurgias oncológicas ● 21 mil transplantes ● 500 mil cirurgias de urologia ● 9,9 milhões de procedimentos para câncer (quimioterapia e radioterapia)
Diagnóstico e prescrição
● 425 milhões de exames laboratoriais ● 55 milhões de radiografias ● 49 milhões exames de papanicolau ● 13,2 milhões de ultrassonografias ● 6 milhões de testes de HIV ● 1,8 milhão de tomografia computadorizadas ● 130 milhões de brasileiros vacinados
Acompanhamento médico
● 3,2 milhões de diabéticos em tratamento ● 6 milhões de tratamento contra o tabagismo ● 220 mil pacientes de aids em tratamento ● 70 mil doentes renais crônicos em tratamento
Estrutura
● 64 mil estabelecimentos de saúde ● 333 mil leitos de internação ● 102 mil equipamentos de diagnóstico por imagem
Cobertura
● 195 mil médicos trabalham no SUS ● 145 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS ● 3,2 milhões de diabéticos em tratamento ● 6 milhões de tratamentos contra o tabagismo ● 220 mil pacientes de AIDS em tratamento ● 70 mil doentes renais crônicos em tratamento
Fonte: Ministério da Saúde/Datasus/Cnes
Tabela do SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior empregador da classe médica no país. Estatísticas mostram que três quartos da população, ou seja, 150 milhões de brasileiros recebem assistência pela rede estatal. Metade desses atendimentos é feita por hospitais municipais, estaduais ou federais, com profissionais contratados das mais diversas formas.
A outra metade, cerca de 75 milhões de pessoas, recorre a instituições conveniadas, em grande parte Santas Casas. Essas entidades, assim como os médicos que prestam serviços ao sistema sem vínculo empregatício, recebem pela chamada Tabela do SUS, cujos valores dificilmente sofrem atualização e que, por isso, ajuda a intensificar o caos que hoje rege a saúde pública. É consenso que todo esse problema poderia ser sanado com um melhor financiamento, mas governos sucessivos insistem em não resolver.
Atualmente, são 3.948 entidades hospitalares sem fins lucrativos no Brasil, 875 no Estado de São Paulo e 128 na capital paulista. Somente em nosso Estado, a rede filantrópica corresponde a 62% dos hospitais e a 33 mil dos 65 mil leitos existentes. Para pagar por esses serviços, o governo repassa verbas às redes por meio de contratos de procedimentos ou pacotes. A partir daí, cabe à instituição separar a remuneração dos profissionais e as despesas do hospital.
Segundo especialistas, este repasse de verbas via pacotes permite um maior controle sobre os recursos investidos e o perfil epidemiológico. Entretanto, como o montante é insuficiente, as entidades não conseguem comprar medicamentos e equipamentos necessários, pegam empréstimos, acumulam juros, por vezes deixam de pagar os médicos, até que fecham.
A defasagem da Tabela do SUS impõe déficit de 40%, em média. Ou seja, para cada R$ 100 gastos no atendimento gratuito, as entidades têm ressarcimento de somente R$ 60. O mesmo vale para os profissionais que prestam serviços ao sistema.
Os procedimentos estão defasados e contribuem para o desestímulo dos médicos e também dos serviços conveniados onde trabalham. Por exemplo, um hospital filantrópico recebe R$ 2,50 por uma consulta básica (clínica médica, pediatria ou ginecologia) e R$ 7,50 por uma especializada.
Os honorários médicos para o tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) correspondem a R$ 64,38, sendo que este valor deve ser dividido pelo tempo de internação (em média 7 dias). Ou seja, ao fim o pagamento pelos serviços profissionais será igual a uma diária de R$ 9,40, valor que, muitas vezes, tem de ser dividido entre todos os médicos que assistiram o paciente.
Para um parto normal, a Tabela SUS prevê honorário de R$ 175,00 para os serviços que incluem o procedimento e acompanhamento durante o tempo de internação (em média, 2 dias). Este valor deve cobrir os gastos com dois obstetras e um anestesista.
Na época da implantação do SUS, em 1988, o valor da tabela era suficiente para cobrir os custos. O problema tem sido a falta de reajustes ao longo do tempo. Aumento no quadro de funcionários, medicamentos, novas tecnologias, melhorias nos prédios. Tudo isso é exigido, mas os recursos não acompanham. Os problemas causados pela remuneração aviltante interferem tanto na cobertura do sistema público, causando a falta de profissionais, por exemplo, quanto na própria qualidade do atendimento. Entretanto, até hoje não existe uma lei que obrigue a revisão periódica dos valores.
Exemplos:
Procedimento |
Valor |
Apendicectomia – incluindo anestesista |
R$ 161,03 |
Colposcopia |
R$ 3,38 |
Cesariana – incluindo equipe |
R$ 150,05 |
Parto Normal |
R$ 159,82 |
Colecistectomia – incluindo equipe |
R$ 146,99 |
Hospitais filantrópicos no vermelho
As 2,1 mil Santas Casas brasileiras acumulam dívida de R$ 6 bilhões, entre débitos com fornecedores, empréstimos bancários, passivos trabalhistas e, principalmente, impostos e contribuições. Os números são da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB).
Responsáveis por mais da metade das internações hospitalares em vários estados – 55,6% em São Paulo, 60,9% em Minas Gerais e 70,4% no Rio Grande do Sul, por exemplo – as filantrópicas dependem dos recursos públicos, sendo que 90% delas dedicam mais de 80% de seus atendimentos ao Sistema Único de Saúde (SUS).
No entanto, a defasagem histórica nos valores repassados chega hoje a uma média de 35%, isto é, a cada R$ 100,00 gastos pelo hospital, apenas R$ 65,00 são cobertos pelos recursos Tabela do SUS foi reajustada em somente 37,3%, enquanto o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), medido pela Fundação Getúlio Vargas, cresceu 418,1%.
No estado de São Paulo, 81% das Santas Casas e hospitais beneficentes estão no interior, onde são os únicos do município e até da região em 56% dos casos.
Pelos cálculos da CMB, a Tabela do SUS precisa ser reajustada em 60%, percentual que cobriria os gastos e daria uma pequena margem de 4% para investimentos em capacitação, equipamentos e reformas. Isso representaria um acréscimo de R$ 13,8 bilhões no orçamento do Ministério da Saúde voltado a essa fatia do setor.
Crise dos hospitais universitários
O Brasil tem 163 hospitais universitários (HUs). Desses, 37 são paulistas, com grande representatividade nos serviços de saúde. Para ter uma ideia, eles foram responsáveis, apenas em 2008, por 22% das internações ambulatoriais e 61% das de alta complexidade realizadas pelo setor público em São Paulo, demandando 38% e 59%, respectivamente, dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados a esses procedimentos no Estado.
Além disso, de um total de 10 mil médicos residentes em São Paulo, 7 mil ocupam vagas oferecidas pelos HUs. Tal estrutura, no entanto, vem sofrendo uma crise intensa há mais de 20 anos. A dívida acumulada é de quase R$ 370 milhões, reflexo da política de subfinanciamento.
A tabela do SUS, deficitária para os hospitais tradicionais, é inviável para os universitários, que precisam de recursos específicos para o ensino e a pesquisa, além da assistência aos pacientes. Por serem hospitais de portas abertas aos atendimentos regionais da saúde, os HUs têm enorme demanda por assistência, precisando, assim, utilizar recursos de custeio para suprir as carências relativas à contratação de pessoal.
Hoje, há aproximadamente 20 mil trabalhadores terceirizados em hospitais-escola, cuja contratação consome 45% dos recursos recebidos pelo SUS, segundo a Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino – Abrahue.
Judicialização da saúde
A cada ano aumenta exponencialmente o número de ações judiciais contra o governo a fim de que pacientes consigam remédios e procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Advocacia Geral da União, foi de R$ 2,4 milhões, em 2005, o valor gasto pelo Estado com os chamados “medicamentos de alto custo”, aqueles cujo fornecimento não é padronizado ou que estejam em falta no estoque público. Em 2009, essa quantia, que já havia subido para R$ 52 milhões em 2008, chegou aos incríveis R$ 95 milhões, verba não prevista no orçamento e que dificulta ainda mais o alcance da salubridade econômica do setor.
A judicialização da saúde, como é conhecida a prática, é um tema polêmico. Se, por um lado, o Ministério da Saúde não tem recursos suficientes para bancar todo esse custo, por outro, o acesso à saúde é um direito constitucional. Apesar do embasamento teórico, existem questionamentos de diversos setores sobre o quão justo é retirar recursos que seriam investidos na saúde do bem comum para financiar tratamentos para alguns poucos. O governo argumenta que muitos dos remédios requisitados possuem preços abusivos e também que a maioria dos lançados mais recentemente não tem eficácia comprovada ou registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o Ministério da Saúde, 60% das ações judiciais poderiam ser resolvidas com produtos similares, disponíveis pelo SUS, enquanto os outros 40% são os chamados “de última geração”, e, por isso, muitos ainda não estão registrados no país. Os dados, entretanto, são contestados por alguns especialistas, segundo os quais o número de processos desnecessários é irrelevante.
A falta de recursos para atender aos princípios de universalidade, integralidade e equidade do SUS é, unanimemente, a questão-chave desse debate. Outra questão refere-se ao estabelecimento de prioridades e a um modelo menos hospitalocêntrico e mais focado em prevenção.
Valorização dos profissionais
A valorização dos recursos humanos é essencial para a defesa do SUS como patrimônio de todos os brasileiros. Os médicos reivindicam nacionalmente remuneração de R$ 9.188,22 para jornada de 20 horas semanais de trabalho.
O piso é o parâmetro para dissídios, convenções, acordos coletivos de trabalho e, principalmente, para a discussão do PCCV (Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos) de médicos do SUS com prefeituras e câmaras municipais. O piso também é parâmetro para a negociação de editais de concursos públicos lançados pelas prefeituras e estados.
Além do PCCV e do piso como soluções complementares, as entidades apontam a necessidade da instituição da Carreira de Estado dos médicos do SUS, com dedicação exclusiva, contratação via concurso e salário compatível. Esta é uma proposta viável para a fixação de profissionais nas áreas menos favorecidas.
Cirurgiões dentistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde têm pleitos semelhantes. Todos os profissionais reivindicam também condições dignas de trabalho, infraestrutura e educação continuada.
Falta de estrutura de atendimento
Segundo estudo divulgado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), em cerca de 80% dos estados não há o número de leitos de UTI preconizado pelo próprio Ministério da Saúde para garantir o bom atendimento de sua população. A estimativa do governo é que, em média, há a necessidade de 4% a 10% do total de leitos hospitalares na forma de unidades de tratamento intensivo, o que corresponde a um índice que vai de 1 a 3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes. Mas o contingenciamento é ainda maior nas unidades de alta complexidade, onde de 15% a 25% do total de leitos disponíveis devem ser de UTI.
No entanto, em 20 unidades da federação o índice de UTIs por habitante é inferior à média nacional (1,3 leitos por 10 mil). Em 15 delas, ele oscila entre 0,5 e 0,9. Em outros cinco, fica entre 1,0 e 1,2. Apenas em sete estados (Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Espírito Santo), a situação é um pouco mais confortável com indicadores iguais ou ligeiramente superiores (de 1,3 a 2,4). Ver Tabela 1.
Os dados da Amib mostram que no Brasil existem 25.367 leitos UTI, distribuídos em 2.342 unidades deste tipo que funcionam em apenas 403 dos 5.561 municípios brasileiros. Ou seja, este tipo de assistência beneficia principalmente os moradores de menos de 10% das cidades, por conta dos problemas da rede de referencia e contra-referencia (ver Tabela 2).
Mas o déficit de leitos não se limita às UTIs. Os dados do Ministério da Saúde também indicam a falta deles para atender os pacientes que precisam de internação simples, sem maiores complicações, ou mesmo casos graves, como atendimento psiquiátrico ou para recuperação de dependentes químicos. Entre 1990 e 2008, o Brasil perdeu 188.845 leitos hospitalares. Cerca de 45 mil deles foram desativados a partir de 2000. No período, em números absolutos, as regiões mais prejudicadas foram, por ordem, Sudeste (-12.2416 leitos); Sul (-37.212); Nordeste (-25.702); Centro-Oeste (-14.160); e Norte (-1.442). Ver Tabelas 3 e 4.
Mas se, em 2008, o total de leitos era de 347.102 (menor que os 489.290, em 2000, e os 533.947, em 1990), a redução ainda é mais significativa em 2011. De acordo com os números do CNES, no país existem atualmente 330.881 leitos hospitalares na rede SUS. Ou seja, entre 2008 e 2011, outros 17 mil leitos foram desativados. A diferença com relação a 1990 é de 203.066 leitos a menos. O Sudeste, que perdeu 131.013 leitos, foi a região mais prejudicada. Logo em seguida, vem o Sul (-38.146 leitos), o Nordeste (-22.309) e o Centro-Oeste (-15.399). A única com variação positiva foi o Norte (+3.213), mas parte desse resultado vem da incorporação do Tocantins à região.
O Ministério da Saúde preconiza um leito por grupo de mil habitantes, o que faz com que a média brasileira seja superior (1,9). Contudo, a folga assegurada nas estatísticas desaparece nos corredores dos hospitais, onde milhares aguardam semanas e até meses por uma chance de internação. Além disso, o argumento da deshospitalização do atendimento, com foco na atenção básica, se enfraquece por conta dos baixos investimentos na prevenção de doenças e da indiferença com que os técnicos analisam a mudança do perfil epidemiológico da população.
Tabela 1 – Distribuição média de leitos UTI x 10.000 habitantes
 Fonte: Associação Brasileira de Medicina Intensiva (Amib)
Tabela 2 – Distribuição de leitos UTI de acordo com o estado*
 * Fonte: Associação Brasileira de Medicina Intensiva (Amib)
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